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 O TRIUNFO DAS “NINHARIAS” DA PEQUENA TERESINHA.

Poucos de nós conhecemos, ou moramos perto de uma pessoa que levita durante a oração. Também são poucos entre nós aqueles cujas faculdades foram suspensas pelo Senhor Espírito, para quem o tempo humano se silencia, permitindo que a alma experimente a união mística com Deus nesses momentos ordenados por Ele.

A maioria de nós vive, ri, ama, sente tristeza e alegria, preocupações e dores em vidas que refletem a simplicidade dos trinta anos dos dias da Sagrada Família em Nazaré. Mas Deus habitou nesses dias ordinários e, por isso, eles foram místicos.

A mística da simplicidade cotidiana.

O dia 1º de outubro é a festa de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Podemos nos perguntar se Santa Teresinha, como nós, viveu essa mística da simplicidade. Buscamos respostas em suas próprias palavras.

Ao receber a Primeira Comunhão, Teresinha nos revela que uma “fusão” de amor a fez escrever: “Teresinha desapareceu, como uma gota de água perdida na imensidão do oceano.”

Teresinha nos diz que ela e o Senhor tornaram-se Um só.

Mais tarde, Teresinha ofereceu-se como “vítima do holocausto ao Amor Misericordioso de Deus”. Suas palavras descrevem esse momento místico:

“...de repente, senti-me ferida por um dardo de fogo tão ardente que pensei que iria morrer. Não sei como explicar; era como se uma mão invisível tivesse me mergulhado inteiramente no fogo. Oh, que fogo, e que doçura ao mesmo tempo! Eu ardia de amor e pensei: mais um minuto, ou melhor, mais um segundo, e não conseguirei suportar tanto ardor sem morrer.”

Teresinha passou por uma “ferida espiritual do coração”, ou transverberação.

E, no entanto, foi essa mesma Teresinha que ofereceu a todas as almas, para sempre, o caminho para a santidade que conhecemos como “O Pequeno Caminho”.

Esse caminho para Deus está centrado no conhecimento e aceitação do nosso próprio nada, abandonando-nos totalmente ao Amor Misericordioso de Deus, como uma criança confia em seus pais. Na doutrina da “pequena via” de Teresinha, ela nos ensina como oferecer pequenos, ocultos e diários atos de amor, rendendo-os totalmente e abandonando-os a Deus para sua glória, confiando que Ele os transformará do nosso ordinário em Seus atos extraordinários de Amor.

As experiências místicas de Teresinha sugerem que ela viveu uma vida extraordinária. E, ainda assim, seu presente para todos nós revelou um chamado à santidade por meio das “pequenas vias”, elevadas pelo amor na simplicidade dos nossos dias e vidas.

Então, podemos nos perguntar como era o “ordinário” para Santa Teresinha.

Muitas fontes, incluindo sua própria “História” de sua alma e suas Cartas, revelam que ela viveu uma vida curta, marcada pelo anonimato, rejeição, humilhações, grandes dores emocionais, profunda escuridão espiritual interior e sofrimentos físicos indescritíveis.

Tais traumas foram as experiências de Teresinha nos dias e anos de “normalidade”, traumas que fariam muitos de nós questionar se Deus está presente em nossas tristezas e dores.

É de seus escritos que reconhecemos a Presença de Deus habitando nela, guiando-a e fortalecendo-a, permitindo que ela “emprestasse” Seu Amor, Sua fortaleza, Sua perseverança, Sua paciência. Teresinha viveu com Ele, e Nele, e Ele nela, na mística de sua “simplicidade cotidiana”.

Ela nos ensina que onde Deus está, “o Verbo Incriado” fala sem cessar. Para ela, e para nós:

“Viver de amor é estreitamente envolver

O Verbo Incriado — Voz de meu Senhor!

E contigo, no fundo do coração, guardar

O Espírito que envia Sua chama adorada.

Assim, amando-Te, o Pai também é meu:

Meu pobre coração o atraiu dos céus.

Ó Trindade, Prisioneiro Divino.

Oh, meu pobre amor.”

Teresinha viveu pelo Amor.

Teresinha nos ajuda a cavar e descobrir como e onde Deus habita na mística da nossa simplicidade, como nosso “fraco coração” O atrai, para que Ele se torne voluntariamente o “Prisioneiro do Amor” em nossas almas.

Assim, Teresinha nos apresenta uma de suas Pequenas Vias de encantar Deus, de segurá-Lo no fundo do nosso coração nos dias e anos ordinários.

Santa Teresinha nos escreve sobre o poder de uma “ninharia” e começamos a entender sua vitória porque as “ninharias” de Teresinha envolvem autonegação interior: autonegação da vontade e da mente.

“Há ninharias que agradam mais ao Nosso Senhor do que a conquista do mundo: um sorriso ou uma palavra gentil, por exemplo, quando tenho vontade de não dizer nada ou de parecer entediada. Acredite, escrever livros piedosos, compor a poesia mais sublime, tudo isso não se iguala ao menor ato de autonegação.”

Lemos sobre o momento em que uma noviça atendeu prontamente a uma batida na porta. Ficamos surpresos com a reação de Teresinha à ação rápida da noviça:

“Você fez algo mais glorioso do que, por meio de diplomacia habilidosa, ter conquistado a boa vontade do governo para todas as comunidades religiosas e ter sido proclamada em toda a França como uma segunda Judite.”

Podemos nos perguntar por que Teresinha aplaudiu esse comportamento com tanta alegria. Talvez porque, na simplicidade dos nossos dias, a fidelidade às ninharias exige mais heroísmo do que realizar grandes feitos que trazem elogios de muitos.

Suas palavras nos ajudam a entender como essas ninharias, esses pequenos atos ocultos, cheios de autonegação e sem reconhecimento, oferecidos por puro amor a Deus, podem, por serem invisíveis, oferecidos “...no escuro... podem obter a conversão dos pagãos, ajudar os missionários e garantir para eles abundantes esmolas espirituais e materiais, moradas para nosso Senhor Eucarístico.”

Talvez também nomeemos pessoas queridas todos os dias, aquelas cujas almas suplicamos ao Senhor Espírito que agarre e converta em moradas para nosso Senhor Eucarístico.

Nossas “ninharias”, ganhando almas para Deus, ninharias que triunfam porque são cheias de autonegação, ocultas, envoltas em humildade, oferecidas anonimamente por Amor, dando toda glória somente ao Pai. Ninharias que tornam presente aos outros a Voz do Nosso Senhor, o Verbo Incriado falando na mística da nossa simplicidade.

O TRIUNFO DAS “NINHARIAS” DA PEQUENA TERESINHA.

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