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É 16 de julho... É A FESTA DE NOSSA SENHORA, RAINHA DO MONTE CARMELO

Chamamos-lhe Mãe? Para Santa Teresa do Menino Jesus e do Santo Rosto, Maria é «muito mais Mãe do que Rainha».

«Para que uma criança ame a sua mãe, ela deve chorar com ela e partilhar as suas tristezas».

O conhecimento e o amor só podem aprofundar-se pela nossa terna Mãe Maria quando buscamos sabedoria sobre ela junto ao seu Esposo Sagrado: o Espírito Santo.

Na oração, Ele pode orientar os nossos pensamentos, atraindo-nos para as revelações sobre a nossa Amada Mãe que Ele inspirou em almas santas ao longo dos séculos. Através da Sua Sabedoria, revelada por meio delas, um contorno das suas feições gentis e doces começa a tomar forma.

Maria foi descrita por São Luís de Montfort como «nossa poderosa Soberana, nossa amada senhora, ... o mundo de Deus».

Temos, portanto, um mundo de reflexões a explorar na nossa busca para vislumbrar a sua beleza: o seu silêncio interior, a sua profunda humildade, a luz da sua fé que brilhará através das trevas da nossa mente, o seu total esvaziamento de si mesma, a sua voluntária escravidão à vontade de Deus. Quando aceitamos Maria como nossa Mãe Espiritual, ela «revela-nos os nossos pensamentos» (Lucas 2) e começamos a crescer no autoconhecimento, esse dom que nos dá profunda humildade sob o olhar de Deus.

Há um abismo entre Deus, que é infinito, Numen, e nós, que somos finitos. As profundezas do abismo são destacadas numa conversa entre Nosso Pai e Santa Catarina de Sena. O Pai perguntou-lhe: «Sabes, minha filha, quem tu és e quem eu sou? ... Tu és aquela que não é; eu sou Aquele que é».

1200 anos antes de Deus iluminar Catarina sobre a sua finitude, a sua nada, o Arcanjo Gabriel apareceu a Maria na Anunciação. Quando ficamos em silêncio discreto a ouvir o seu diálogo, torna-se claro para nós que Maria, a Imaculada, a Portadora de Deus, a Hodogetria, estava plenamente consciente de que era ela «aquela que não é». Ouvimo-la descrever-se como a «serva do Senhor» (Lucas 1, 38).

Esta palavra, «serva», tem um significado profundo. Lembramo-nos que esta foi a mesma palavra antiga que São Paulo usou para descrever o Salvador em Filipenses 2, 7: Jesus «esvaziou-se a si mesmo, assumindo a forma de servo (doulos), nascendo à semelhança dos homens...»

Maria, Sua Mãe, que se descreveu como serva, a douly do Senhor, a escrava de Deus, Sua posse total, aquela cujo Dono tinha todos os direitos de fazer com ela o que quisesse, mesmo e incluindo se Sua vontade fosse tirar-lhe a vida.

Maria estava vazia de si mesma. Ela era, por assim dizer, o «prelúdio» (São João Paulo II) do esvaziamento total do seu Filho, o Doulos de Deus.

E Deus aceitou a morte sacrificial do seu Filho na cruz, Cristo, a Vítima Salvadora.


Maria, Rainha do Carmelo, encarna a beleza do coração e da vida carmelita no seu amor pela Vítima Salvadora. No seu esvaziamento, Maria encarna o ser que podia ser preenchido por Deus. É o Espírito do Senhor que «abriu os seus lábios e a sua boca proclamou a sua louvor» na Visitação.

A Beata Maria Eugénia do Menino Jesus, OCD, escreveu que «a oração encontra a sua eficácia sobrenatural na qualidade da fé que a anima». Por ser totalmente vazia de si mesma, a oração de Maria estava cheia de eficácia sobrenatural, com uma fé que animava cada pensamento, palavra e ação que ela realizava. Maria nos acolherá ternamente, levando-nos à consciência do abismo da nossa finitude, ajudando-nos a oferecer-nos como doulos/douly de Deus, conduzindo-nos à sabedoria do autoconhecimento, onde a consciência da nossa nada se aprofunda na perspectiva do Infinito que é Deus.

Se a consciência da nossa nada ataca o nosso orgulho espiritual, o desânimo começa a espreitar nas profundezas desse autoconhecimento. Santa Teresa do Menino Jesus e do Santo Rosto encoraja-nos:

«Tu, Senhor, descerás à minha nada e transformarás essa nada em fogo vivo... e mesmo quando não tiver nada... darei a Ele essa nada».

E assim, podemos ficar contemplando o vasto abismo entre o Infinito que é, e a finitude de nós, «que não somos». Com Santa Teresa, podemos humildemente oferecer tudo o que somos a Deus... e dar-Lhe o nosso nada.

Com Maria como nossa Rainha da humildade, oferecemos o nosso Sim, a nós mesmos, para sermos Seu douly, Seu doulos, para fazer com a gente o que Ele quiser.

E o poder poderoso do Senhor Espírito Santo invadirá as nossas profundezas, encherá as nossas almas com Ele mesmo até à capacidade pré-determinada por Deus e transformará o nosso «nada em fogo vivo».

Todos os que nos encontrarem, a cada momento dos nossos dias, tocarão Deus enquanto Ele se move em nós e através de nós, e todos provarão a Sua doçura enquanto Ele nos transforma à Sua imagem. E Ele atrairá almas para Deus através do nosso «nada» que Ele enche com Ele mesmo.

Como?

Quando Ele enche a medida de nós mesmos que Lhe damos, essa medida torna-se propriedade do Senhor Espírito. Ele tem um único desejo... atrair-nos para ganhar almas para Deus, e esse desejo começa a impulsionar-nos em momentos desconcertantes. Podemos estar a ver um filme tenso na televisão quando sentimos o Seu convite inconfundível para nos juntarmos a Ele em oração. Dez minutos antes do emocionante final do filme.

Obedecemos, retiramo-nos para a solidão com Ele e, aos pés de Maria, rezamos uma década urgente do Rosário... e o nosso bisneto, ainda por nascer, que só verá fotografias nossas, será arrancado por Deus de uma vida de drogas, pornografia ou álcool. Santa Teresa ensina-nos que a oração ultrapassa o espaço e o tempo e que Deus já é dono das décadas em que o nosso bisneto vive. O que foi, o que é e o que ainda está por vir são todos um n'Ele. Através do nosso pequeno sacrifício, unidos com e através do sacrifício supremo de Cristo Jesus, conquistámos a alma do nosso ente querido.

Deus aceitou com gratidão o pequeno espaço de nós mesmos que Lhe demos, encheu-o de Si mesmo e do Seu desejo pelas almas, e agora espera para nos recompensar de maneiras inimagináveis por fazermos algo que Ele nos deu o poder de fazer.

E começamos a compreender como Ele transforma o nosso «nada em fogo vivo», mesmo além do espaço e do tempo.

Mais palavras de São João Paulo II vêm à nossa mente: «A oração unida ao sacrifício é a força mais poderosa da história humana».

Maria estava cheia de esvaziamento de si mesma. E cheia de Deus.

Maria: «zelosa pela glória do único Deus verdadeiro e pela santificação e salvação das almas»; Maria: a «Mulher» feita oração; Maria: cujo sofrimento sacrificial pela «espada» que lhe traspassou o coração para que pudesse revelar-nos os nossos pensamentos; Maria: «unida a Cristo Crucificado e à Sua oração omnipotente como Vítima Salvadora»; Maria: a intercessora pura e poderosa de todos os filhos de Deus, por quem o Salvador derramou o Seu Precioso Sangue; Maria: cuja «adoração e contemplação da Santíssima Trindade» é inesgotável;

Maria, cheia do próprio Amor...

Maria, Mãe, Rainha do Monte Carmelo, rogai por nós.

(As citações utilizadas no último parágrafo são do antigo carisma dos Ermitãos Carmelitas Descalços de Nossa Senhora do Monte Carmelo)

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